quinta-feira, 21 de maio de 2009

Carta Conto

"É sempre amor mesmo que mude..."

Laura está em casa, deitada no sofá, parece estar assistindo TV mais seus pensamentos estão longe. Está pensando em Heitor...
Ela mudara muito desde que deixaram de se falar, não era mais aquela menina insegura e covarde, muitas coisas aconteceram desde então...
“Heitor nem acreditaria”, ela sorri ao imaginá-lo sabendo do que ela é capaz na cama, das loucuras que ela já fez e das fantasias que já realizou... Ela agora é uma publicitária bem sucedida, ganha bem, mora sozinha e vai às melhores baladas, não tem mais preconceito com o sexo casual, e vive a vida como a “porra louca” que sempre desejou ser.
Heitor... Por onde andaria? Ela prefere pensar que ele saiu daquela cidadezinha e já não é aquele garoto prepotente que achava que sabia tudo da vida, imagina que ele se deu bem e é um cara bem sucedido, mais que ainda conserva aqueles gostos e aquele jeito de pensar que fizeram ela se apaixonar...
Mesmo com tanto tempo ela ainda pensa nele, sempre imagina que ele vai ligar de uma hora pra outra pedindo desculpa pelos anos de atraso, dizendo que, como ela, nunca se esqueceu e que sente saudade...
Laura desliga a TV e vai dormir,
Ela ainda o ama.

Heitor está em casa, em frente ao computador. Ele pensa em Laura enquanto revê suas fotos antigas...
Ele ainda é o mesmo.
Na mesma cidade, com os mesmos amigos e os mesmos gostos...
A diferença é que agora tem seu emprego e sua independência, finalmente não deve mais satisfações a ninguém.
Sente que sua vida é um tremendo fracasso e se abriga nas lembranças do passado pra não ter que enfrentar o presente.
Apesar de ter passado por vários relacionamentos, nenhum teve sucesso, hoje quando não está com os amigos, sempre descola alguma garota em alguma festa, sabe que precisa se arranjar logo, pois, diferente de antes, teme ficar sozinho...
Todos esses anos pensou em Laura, tem medo que ela tenha mudado e que não pense mais nele...
O tempo levou aquela sua alto-confiança...
Apesar da vontade, ele não liga pra ela, alega ser tarde demais pra tentar algo e deixa a vida como está, “é melhor assim...” ele pensa.
Heitor desliga o computador e vai fumar na varanda,
Ele ainda a ama.



Ps. Esse texto foi inspirado na música "Mesmo que mude" do Bidê ou Balde, escrevi faz um tempo já, mais deu uma vontade de postar... bom, tá aí, espero que gostem!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Carta Desabafo

Nesses últimos dois anos, eu venho dedicando o meu tempo, meu dinheiro, meus esforços, a minha paciência e a das pessoas ao meu redor por conta de um objetivo, objetivo este que tem importância fundamental na minha vida, e pelo qual, milhares de pessoas como eu também correm atrás: uma vaga no ensino superior público. Fato é que para alcançar o meu objetivo eu devo passar por uma prova para a qual eu não fui preparada.
Sabe o que mais me deixa com raiva? Quando eu vejo uma matéria no cursinho (sim eu faço cursinho, e acho que seria impossível passar na faculdade que eu quero sem fazê-lo) e tenho absoluta certeza que eu nunca estudei isso antes, eu estou enganada ou o vestibular é uma prova que avalia os conhecimentos adquiridos na escola? Pois é, só se esqueceram de conferir se o conteúdo que eles cobram foi mesmo ensinado, eu posso garantir que nas escolas públicas que eu estudei eu não vi e certamente muito vestibulando por aí também não... Agora me diz como eu vou conseguir recuperar todos esses anos de péssimo ensino em seis meses de cursinho?
Mas o meu querido governo, ao invés de investir em um ensino fundamental e médio de qualidade, aplica a maior parte do dinheiro destinado à educação no ensino superior, justamente onde a maioria dos estudantes provém de escolas particulares, que ironia não? Aliás, esse país é cheio de ironias, como aquela em que se destina parte das vagas a alunos que realizaram o ensino médio em escolas públicas, ou seja, um remédio para a doença que ele (o governo) mesmo provocou.
Estavam tão óbvias todas essas deficiências do vestibular que finalmente alguém se tocou e resolveu agir, a proposta de substituí-lo pelo o Enem foi uma ótima idéia, que deixará a competição um pouco mais justa, mais que não é a solução, já que a nota das escolas públicas no Enem ficou bem abaixo das escolas particulares.
Como dá pra ver, esse problema vem lá de baixo, do ensino básico, sem melhorar as bases não adianta mexer no topo que só vai remediar o grande problema que é a educação no Brasil.
Quanto a mim, no meio do ano estou lá de novo, espero que pela última vez!